A exposição “O Nosso Meio Ambiente” revela o olhar sincero e crítico das duas turmas da Oficina de Fotografia do Projeto Rádio, Cine e Foto, Difusão de Direitos Humanos e Tecnologia. Através de 30 fotografias os adolescentes escrevem com luz o que entendem por Meio Ambiente, focando desde a estonteante macro-beleza de uma flor à um olhar fotojornalístico do bairro onde vivem.
terça-feira, 31 de maio de 2011
domingo, 22 de maio de 2011
O Blog CIDADANIA e FOTO
Utilizando de meta linguagem, neste post quero apresentar o BLOG d@s Alun@s das turmas de Fotografia do Pq. São Bernardo, um espaço onde eles mesmos postam suas fotos, escrevem sobre suas atividades e desta maneira, vão registrando o andamento da Oficina.
A idéia do BLOG não foi espontânea (adoraria que tivesse sido! mas...), foi uma proposta apresentada por mim e logo aceita por eles, também pudera, pois a maioria deles nem mesmo sabiam o que era um Blog, quanto mais saber criar um. E foi por esse motivo mesmo que sugeri a eles que criassem um Espaço virtual deles, para "forçar" que fucem e desenvolvam-se. E vêm dando certo, os textos estão cada vez melhores e está existindo uma alimentação de conteúdo constante. Penso que é muito importante aproxima-los do mundo Virtual, coisa que pelas condições econômicas da maior parte deles não acontece - a maioria não tem acesso em casa à internet, portanto, essa "brincadeira" é uma ação de Inclusão Digital. Acessem lá, comentem, incentivem. http://cidadaniaefoto.blogspot.com
quarta-feira, 18 de maio de 2011
Sobre como seduzir
Como fazer com que alguém aprenda o que você tem para ensinar? Os métodos são variados, podemos falar tudo o que sabemos de maneira organizada, explicando, exemplificando, e, ao final, sanar as dúvidas, como é comum acontecer. Eu já tentei fazer assim, umas vezes por teimosia de seguir a tradição de como fui instruído, outras vezes por preguiça criativa/pedagógica ou até mesmo por ansiedade de dar conta do que propus-me a "ensinar", mas geralmente quando uso deste método, as vezes me frustro quando pergunto: "E aí, alguém tem alguma dúvida?..." e o silêncio paira no ar. Nunca consigo saber se todos entenderam tudo ou se não entenderam nada. Na verdade penso que é impossível não entender nada, e entender tudo-tudo é sempre duvidoso, muitas vezes, a criança, o adolescente ou o adulto não pergunta porque não sabe perguntar, não consegue formular uma questão, pois na realidade a educação convencional não ensina a questionar, mas sim a decorar, absorver tudo como uma esponja de maneira automática e a-crítica. Esta estrutura vertical pedagógica, produz o medo à pergunta, fruto de uma repressão no processo educativo bem discreta, e que acompanhará a pessoa para o resto de sua vida se esta não conseguir desconstruir este hábito forjado. Eu penso que a raiz da subordinação está na educação, que a gênese do "desequilíbrio" que o mundo vive é por conta deste fator, obviamente existem outros fatores, como o econômico, o político, o social, entre outros, mas friso que todos eles estão relacionado à educação, e que se o mundo quer ser mais justo essa lição têm que ser feita em sala de aula, em casa e nos demais ambientes educacionais, que se formos parar para pensar não têm fronteiras, pois o processo de aprender começa quando nascemos e só termina quando morremos.
Na Oficina Sensibilizando o Olhar busco inverter como as coisas costumam ser, algumas vezes já entro perguntando o que eles querem aprender, muitas vezes dá certo, surgem coisas como: "Ah professor, eu queria saber fazer uma foto assim assado..." e daí a "aula" se desenrola de maneira fluida. Porém, nem sempre dá certo, e é sempre bom ter um programa na manga para nortear o processo, todavia, mesmo com conteúdo pré-determinado, pensar na maneira de como transmiti-lo é essencial, para não cair na chatice, no blah blah blah que o aluno não está interessado. Então o desafio é: como seduzir o aluno, como fazer com que ele crie interesse por uma coisa que ele nunca pensou em aprender. A primeira solução que tento criar é, perceber o aluno enquanto estou falando, como está seu rosto, se ele olha para o lado, linguagem corporal de uma maneira geral. A segunda solução é criar um espaço horizontal, onde ele tenha "coragem" de interromper-me para questionar qualquer coisa a qualquer momento. Transformar a "aula" num ambiente agradável e descontraído é essencial para a liberdade e conseqüentemente, para o aprender.
A ludicidade é minha maior arma, é com ela que consigo seduzir, instigar o aluno a perguntar, como numa brincadeira de "light paint", onde o aluno vê e participa da produção, vê o resultado no visor e mesmo assim não consegue entender o como foi feito. Aí surge a dúvida, a porta de entrada para se explicar velocidade de obturador, entre outras coisas técnicas. A ludicidade, o encanto, são fundamentais.
Outro exemplo de ludicidade com crianças é utilizar bolhas de sabão, que é uma coisa que toda criança adora (e as vezes também os pré-adolescentes e até os adultos), a partir de uma brincadeira simples pode-se explicar foco, macro, etc.
Trabalhar em cima das perguntas é caminho que eu tento construir, pois simplesmente é o caminho que eu acredito ser eficaz para que o ser educado estenda essa cultura para sua vida, e possa vir a ser autônomo, a guiar sua aprendizagem. Mas como já disse, é um processo a se construir (juntos).
segunda-feira, 16 de maio de 2011
Série Imagin-ações
Quando vi pela primeira vez a série "Dreams Of Flying" do fotógrafo alemão Jon Von Holleben achei fantástica a simplicidade criativa que ele utilizou para retratar situações mágicas, dignas da mente de uma criança. A partir dessa "inspiração", decidi utilizar a mesma técnica com os pré-adolescentes e adolescentes das duas turmas do Pq. São Bernardo de 2010, abordando como eixo temático o ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente, a partir dessa deixa, discutimos o Direito à Educação, Moradia, Saúde, entre outros previstos no ECA e na Constituição brasileira, apesar de ser aparentemente um papo "chato" para garotos e garotas de idade média de 14 anos, as turmas se interessaram bastante por poder discutir o cotidiano ao qual estão inseridos, a partir destes pontos discutimos a "exclusão" cultural, a falta de saneamento, entre outras questões que os próprios alunos faziam questão de levantar. Pós-discussões, pedi para que eles desenhassem situações em folhas de papel, a partir disso consegui faze-los compreender o desenho em 1, 2 e 3 dimensões e a relação com a fotografia bi-dimensional, após este processo pedagógico escolhemos os "melhores" desenhos para reproduzirmos e fotografar, e o resultado pode ser visto aqui abaixo, no total, expomos uma série de 20 fotografias na Mostra Cultural que fechou o ano de 2010.
Vale dizer também que, a idéia de produzir tais fotos surgiu da carência de máquinas fotográficas que tínhamos para trabalhar, foi um semestre todo onde eu emprestava uma reflex para as crianças, concerteza se tivessemos o equipamento necessário para todos na época, as fotos teriam seguido outros rumos, mas é assim que é, temos que tirar leite de pedra as vezes. E não reclamo, pois temos que saber fazer das adversidades nossa matéria prima para criar e "educar".
Apresentando-me!
Olás,
Já faz um tempo que venho desenvolvendo Oficinas de Fotografia com públicos variados, até que hoje tive um insight de criar um blog para socializar um pouco das experiências artístico-pedagógicas, seja mostrando fotografias do processo de cada turma, levantando questões da prática, entre outros tipos de informação que eu julgue digno de escrever aqui para compartilhar.
Ensinar fotografia parece ser muito simples, basta explicar o funcionamento da máquina fotográfica, um pouco de fotometria, enquadramentos, luz e algumas outras "cositas más". Entretanto, é na simplicidade que reside toda a complexidade do "ensinar". Para começo de conversa, acho muito difícil "ensinar" alguém a algo, alguém só aprende se está em busca do que almeja, caso contrário, é inútil qualquer tipo de ação. Um autor que gosto muito, Roberto Freire, diz no livro do curso de Pedagogia Libertária que ele desenvolveu junto a Somaterapia, que, "Ensinar o que não foi perguntado, além de inútil, é um estupro cultural". Quando li isso pela primeira vez fiquei tão chocado com a força da expressão que nunca mais esqueci, na época eu lecionava História na Rede Pública de Ensino de São Paulo, e sem sombra de dúvidas, a carapuça serviu-me direitinho, eu com a maior das boas intenções estava sendo cruel com meus alunos, pois quem conhece a escola convencional sabe que existe um cronograma do que passar, tipo: ano X = Revolução Russa no primeiro semestre, Estado novo no segundo, e assim segue...ou seja, é o mesmo para todos, o conhecimento caí das alturas das convenções pedagógicas do Estado e esmaga o estudante que ou aprende ou é punido nas provas, enfim, passei-me a questionar de tal maneira que por respeito à Educação, aos alunos e à História, retirei-me deste sistema onde não conseguia me enquadrar. Daí então, passei a me dedicar a estudar Pedagogia (libertária) e Fotografia, até que, decidi bolar uma Oficina não para ensinar, e sim Sensibilizar os participantes, instiga-los a ver e pensar sob outros pontos de vistas, quando um aluno/professor está instigado, motivado, curioso,... é inevitável a aprendizagem, o processo torna-se natural e prazeroso, como todo tipo de aquisição do conhecimento deveria ser.
E foi assim que surgiu a Oficina de Fotografia "Sensibilizando O Olhar", onde a base é a Fotografia, questões técnica e estéticas, no entanto, faço uso de música, poesia, videos, as vezes até debato temas do cotidiano, como por exemplo: o meio ambiente, relacionando-a com a sujeira das cidades; violência, abuso de poder e direitos humanos; a desigualdade social, econômica e até mesmo política, enfim, pano pra manga é o que não falta, e quando tratamos de fotografia, sempre a conseguimos contemplar seja citando um poema de Paulo Leminski ou comentando a papagaiada que emissoras de televisão com seus "Datenas" jorram sobre os espectadores.
Como ensinar alguém a fotografar sem antes mesmo o fazer saber o que ele mesmo quer fotografar? Para que serve Iso, Diafragma e Obturador se eu nem sei ao certo porque estou apertando o botão? É por questões como essas que penso que "o ensinar a fotografar" tem que estar ligado ao que fotografar. Como é tão crucial como o porque. E é por isso que "tento" sensibilizar o fotógrafo em potencial, fazendo com que ele crie sua própria perspectiva do mundo, que faça de maneira consciente, apesar de muitas vezes tudo correr no âmbito da intuição.
Expressão, intuição, consciência e por último a técnica é que busco trabalhar em minha Oficina, até mesmo porque na maioria das turmas, elas são compostas por pré-adolescentes e se eu ficar falando só de abertura diafragma, de regra dos terças, etc., eles vão ficar dispersos, pensando em tudo, menos em criar fotografia.
Para concluir este post, quero frisar que o impulso em busca do conhecimento deve ser (penso eu) mais importante que o conhecimento em sí, deve ser estimulado, para seduzir o aluno a querer seguir a trilha de sua curiosidade. Assim penso e tento desenvolver meu trabalho, que é recriado e revisto a todo instante.

Foto realizada na Oficina em 2010, no Parque São Bernardo.
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