quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Artigo 71 - Jardim Silvina



O Jardim Silvina marcou a despedida das Oficinas de Fotografia no Projeto Rádio-Cine-Foto, Difusão de Tecnologia, Cultura e Direitos Humanos para Crianças e Adolescentes, após 3 anos de convênio da Fundação Criança de Sao Bernardo com o Estado de Sao Paulo através do edital dos Pontos de Cultura do Estado.
Decidimos terminar o projeto como começou, discutindo o Estatuto da Criança e do Adolescente em grande estilo. A partir da discussão do ECA, selecionamos o Artigo 71 para nortear nossa pesquisa visual. A partir do eixo Brincadeiras, Diversão e Lazer, os participantes relacionavam-se com o tema no momento do ato fotográfico, a ludicidade foi o a base do semestre e gerou a exposição “Artigo 71” composta de 32 fotografias que foram expostas para a comunidade do Jardim Silvina.










Art. 71. A criança e o adolescente têm direito a informação, cultura, lazer, esportes, diversões, espetáculos e produtos e serviços que respeitem sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.


Oficinas 2013 - Centro Cultural Inamar


2013 foi um ano bastante produtivo no Centro Cultural Inamar, apesar de ter sido um ano complicado de se trabalhar por conta do tempo da oficina ter sido reduzido de 5 para 3 meses, mesmo assim, conseguimos fazer desse pequeno periodo um verdadeiro processo intensivo de sensibilização do olhar, haja ver as fotos dos participantes quando entraram e depois ao fim deste período. Como neste pouco tempo não podíamos nos aprofundarmos em questões técnicas, decidi partir de poéticas para daí então fazer surgir duvidas técnicas, esta experiencia deu muito certo, pois quando havia sede, os participantes sanavam-se no instante e colocavam em pratica aquilo que aprendiam junto com uma nova maneira de olhar para seu entorno, foi dai que surgiu o tema A NATUREZA VIVE, onde os participantes buscaram cenas comoventes da natureza no entorno do bairro, que até então era apenas cinza.

Foi proposto que eles se guiassem apenas pela emoção, colocando a razão e os conceitos de composição em segundo plano, que estes entrassem na imagem de maneira intuitiva, sem que fosse a primeira busca no ato de fotografar. O mesmo pensamento  foi utilizado pela turma do primeiro semestre, que voltou seus olhares para a noite do bairro Inamar.
Posso dizer que este foi um ano onde todos os participantes aprenderam bastante, e entre os participantes, me incluo, pois aprendi a me arriscar na pedagogia ao inverter o processo de pedagógico de aprendizagem de uma maneira até então inédita, onde procurei dar problemas para os participantes, colocando em pratica a pedagogia da pergunta, da curiosidade. 




quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Diadema em Preto & Branco



Diadema em Preto & Branco é uma extensão da pesquisa realizada com os "alun@s" do Centro Cultural Inamar no primeiro semestre ("DiverCidade", já comentada neste blog em posts anteriores). Nesta nova exposição, o grupo optou por ter novamente a cidade de Diadema e seus habitantes como tema. 
O nome da exposição, não só faz referencias as imagens em P/B, mas também as discussões de Identidade que trabalhamos ao longo do ano.




Foram dois semestres de estudos, sendo o primeiro semestre de primeiros passos na fotografia e o segundo de aprimoramento. No primeiro semestre,  procurei trabalhar com eles: princípios de luz, história da fotografia, batemos forte na tecla de aprender a manusear corretamente a câmera e compreender suas funções, e começamos a “pensar” conceitualmente numa temática para produzir uma série coletiva de fotografias.



O segundo semestre serviu para reforçar o conteúdo do primeiro semestre, e também para darmos um passo adiante. Trabalhamos bastante composição fotográfica, tivemos um breve contato com o photoshop, e sobretudo, adentramos no laboratório analógico (um novo universo para eles, que até então só haviam tido contato com o digital).
Procuramos nos aprofundar na estética preto e branco, até mesmo quando trabalhávamos com fotografia digital.
Desta maneira, os olhares dos participantes da oficina tornaram-se mais sensíveis às LUZES e SOMBRAS. Um pouquinho doque foi produzido ao longo do semestre pode ser visto nas fotos deste post que compõe a exposição "Diadema em Preto e Branco" que foi exposta no saguão do Teatro Clara Nunes em Diadema no mês de Novembro.




Trans_Forma_Ações


"Produzir, pensar e alterar", foram os lemas da turma do PIGD Santa Cruz ao longo do segundo semestre de 2012, dentro desse universo lúdico, experimentamos diversas formas e linguagens tendo a fotografia como suporte. 




A ludicidade adotada em todo semestre foi por conta da demanda da turma, que era formada por crianças e pré-adolescentes. Procurei fazer um cronograma diferente, para que os “educandos” não ficassem “boiando” entre diafragmas e obturadores. O resultado foi bastante interessante. Todavia, mais interessante ainda foi o processo, onde o prático se sobressaiu ao teórico, dando dinâmica a oficina.




Saíamos às ruas para fotografar o bairro Santa Cruz, e depois, escolhíamos-editavamos as fotos e imprimíamos, e com auxilio de tesoura, cola e criatividade, transformávamos a realidade que hora antes foi capturada através da câmera fotográfica. 
Para obter êxito, era preciso antes de clicar, pensar o que seria feito com aquela imagem posteriormente. Muitas vezes, era preciso tirar, 1, 2, 3 ou 4 fotografias para produzirmos 1 só imagem. Desta maneira, os “educandos” eram incentivados a pensar e produzir, para transformar aquele processo em uma fotografia com qualidade no final, e desta maneira eles aprendiam tirar foto em movimento, a pensar nos planos, em como dirigir o amiguinho que pousaria para a foto, etc.




terça-feira, 7 de agosto de 2012

Novas Identidades - "Sua Cultura, Nossa Cara"

Quando dizemos que somos brasileiros, o que queremos dizer com isso?

Foi partindo desta simples pergunta que trabalhamos o conceito de IDENTIDADE nas oficinas ao longo do primeiro semestre de 2012. Tive esta ideia pois gostaria de desenvolver melhor a relação entre a fotografia e as ciências humanas, que comecei a trabalhar com outra turma no Parque São Bernardo em 2011, (existe um post neste blog falando sobre esta experiencia - clique aqui para ler). Desta vez, tentei mesclar técnica fotográfica - da fotometria à composição, com mini debates e conversas abertas sobre História do Brasil, enfocando aspectos da antropologia, da sociologia, da economia e da geografia. Utilizamos bastante o documentário "O Povo Brasileiro" de Isa Grinspum Ferraz, que é baseado no estudo de Darcy Ribeiro sobre a formação dos "Brasis".


Neste semestre, tive a oportunidade de trabalhar com duas (outras) comunidades, o bairro Santa Cruz, localizado numa região rural em São Bernardo do Campo, e o bairro Inamar, localizado na cidade de Diadema, ambas comunidades periféricas.
Diante destas realidades, encontrei uma bela oportunidade de testar e comparar a oficina de fotografia sendo executada em diferentes realidades. No “Santa”, a turma era composta por adolescentes que já frequentavam as atividades do PIGD (espécie de local para atividades recreativas). Já no “Inamar”, as turmas eram mais maduras e estavam ali somente para as atividades de Fotografia, que compunham a grade de cursos livres do Centro Cultural Inamar. Diante da tamanha disparidade das turmas e objetivos dos seus participantes, encontrei um excelente laboratório pedagógico para trabalhar.


Como já era de se esperar, as discussões com a turma do “Santa” foram mais superficiais, por conta do perfil dos “alunos” - mais novos, entretanto, estas discussões eram sempre interessantes, e até mesmo, mais imagéticas. Enquanto que no Centro Cultural Inamar, quando discutiamos “a formação do povo brasileiro”, questões como racismo e desigualdades emergiam com frequência.  


O resultado das duas experiências foram  transformadas nas exposições “Da Balsa Pra Cá” dos adolescentes do bairro Santa Cruz e “DiverCidade” dos alunos do Centro Cultural Inamar. Cada uma retratando sua identidade local.
Colocando lado a lado os dois trabalhos, chegamos a duas respostas muitos próximas do questionamento proposto. E a conclusão disto, é a mesma de Darcy Ribeiro em seu livro, de que existem vários "brasis" e que ser brasileiro é ser plural, é ser ser negro, branco, mestiço, migrante, imigrante...  Esta constatação, apesar de parecer chover no molhado, é de grande valia na construção da identidade dos participantes. Percebi que tornaram-se mais conscientes com as diferenças entre eles mesmos, algumas “piadinhas” racistas e homofóbicas - comuns entre adolescentes - passaram a ser censuradas por eles mesmos.


Tentar construir essa noção de nação múltipla, é uma busca pela auto-aceitação através da consciência crítica, é uma tentativa de ir na contramão dos padrões convencionados pelo mercado, pela televisão, por essa falsa construção do real onde os “bonitinhos e bonitinhas” das propagandas são sempre brancos, magros e da classe média. A própria fotografia é umas das culpadas pela disseminação de um ideia de beleza "europeia e anorexa".
O projeto "Sua Cara, Nossa Cultura", não têm pretensões de divulgar UM nacionalismo, até mesmo porque vimos que somos PLURAIS. Nossa proposta é discutir o que somos e porque somos.



quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Poesia & Fotografia


Chegamos ao fim de 2011 e esta data não representa somente a despedida de uma turma participante da Oficina de Fotografia, mas também, de um final de ciclo de Oficinas realizadas no PIGD/Centro Comunitário do Parque São Bernardo. Foram três semestres de atividades ali realizadas, mais de 100 pré-adolescentes/adolescentes participantes, 5 exposições, 2 blogs, entre outros dados quantitativos. Porém, o que mais me deixou feliz foi o aumento qualitativo da coisa, da minha atividade como oficineiro, do envolvimento dos participantes e da comunidade com a Oficina. Enfim, podemos dizer que fechamos este ciclo com chave de ouro com a exposição "Poéticas Visuais", onde unimos palavra & imagem, num dialogo dialético onde a fotografia inspirava a poesia escrita através de palavras e as palavras inspiravam a poesia escrita através da luz.


O processo deste semestre de atividade foi bastante interessante, houveram "aulas" que mais se pareciam com sarau do que com propriamente com uma "aula". Confesso que a ideia de trabalhar sobre este eixo desta vez não foi uma proposta espontânea vinda do grupo como fizemos no outro semestre...Voltei do festival Parary em Foco sensibilizado com uma poética visual que quis de uma certa maneira explora-la mais, e daí surgiu a proposta dada às duas turmas do Pq. São Bernardo e que eles abraçaram. No entanto havia um probleminha, muitos dos educandos não sabiam bem o que era uma poesia, muito menos o que seria pensar, fotografar, ver poeticamente a vida, as coisas e os objetos.


O processo foi lento, comecei apresentando-os poesias, comentando sobre os diversos tipos de linguagens e narrativas. Vimos haicais, poesia concreta, sonetos, fomos para todos os lados e chegamos ao entendimento básico do que seria ser POÉTICO. Após este processo, o próximo passo foi trabalhar o OLHAR, descondicionar o certo e o errado. Um momento que achei bastante curioso aconteceu numa discussão onde uma adolescente criticou a outra enquanto esta estava fotografando formigas que estavam sobre cascas de laranjas que estavam jogadas no chão, a menina criticava a fotógrafa em ação dizendo que aquilo era inútil, bobo, etc. Deste fato rendeu material para trabalharmos sobre o que sensibilizava cada um para tirar uma foto - a motivação, daí, aos poucos fomos incluindo argumentos nas imagens, argumentos que muitas vezes eram mudos, mas que possuíam toda uma beleza e presença.


Desconstruir o certo e o errado, subverter regras em prol da expressão pessoal foi o norte do semestre, transmiti aos educandos várias toques de enquadramento, composição, luz, construímos todo um conhecimento que não SE TORNOU uma prisão e sim ASAS (pois é muito fácil cair na armadilha de só tirar fotografias técnicas)...

Sem sombra de dúvidas, acho que nestes semestres foram plantadas várias sementinhas criativas que já começaram a mostrar seus raminhos de vida. E eu - pessoa - oficineiro, fico extremamente realizado e feliz, pois assim como dizia Aristóteles, a felicidade está na ação (virtuosa) e não num estado como muitos pensam, saber que consegui atingir um fim, que na verdade é só um começo de um processo, me deixa inteiramente Feliz. 

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Veja que legal!


Dia desses, uma amiga que é bastante envolvida com a questão dos Direitos Humanos enviou-me um link sobre uma tal Concurso de Fotografias sobre o tema. Sem pretensão nenhuma, conversei com o adolescentes em enviarmos algumas fotos que eles estavam produzindo no momento, minha intensão era mais incentiva-los pedagogicamente do que outra coisa... e por inúmeros fatores, entre eles, o de os adolescentes do Parque São Bernardo não ter acesso fácil acesso internet, acabou que a proposta caiu no esquecimento. Fiquei triste com o fato, principalmente por constatar um certo grau de analfabetismo digital e não poder fazer muita coisa pra mudar a situação. Entretanto, nos 45 do segundo tempo, decidi inscrever três fotos COLETIVAS realizadas na oficina de 2010, é para a minha surpresa, GANHAMOS o primeiro prêmio do CLICK DIREITO e a foto está participando da 2ª Mostra Itinerante de Fotografias em Direitos Humanos organizada pelo Observatório de Educação em Direitos Humanos da UNESP. Prêmio (físico) ganhamos o livro "Imagens do Brasil", mas o que valeu mesmo foi a notícia, e como ela serviu para trabalhar a auto-estima dos adolescentes que agora já vislumbram outros prêmios. E que venham outros prêmios e reconhecimentos, o trabalho não para.

Clique no link e veja as fotos que compõe a 2ª Mostra Itinerante de Fotografias em Direitos Humanos,

e para ler sobre o processo de produção e criação da foto ganhadora, clique aqui.